Com o crescimento do mercado de telhados verdes/jardins suspensos e um número cada vez maior de profissionais que já trabalham, pesquisam e se especializam no assunto, resolvemos arriscar uma rápida organização de 3 grandes tendências para a agricultura urbana: telhados verdes extensivos / fragmentos florestais em coberturas / hortas e fazendas urbanas.

Assim como nos EUA e Europa, os telhados verdes extensivos (rasos, leves, vegetação rústica) se consolidaram como uma opção viável para grandes áreas, com custos acessíveis e facilidade de aplicação – para se ter uma idéia o m2 de um telhado verde custa mais barato que uma cobertura de policarbonato, ou uma cortina. Sem dúvida é a tecnologia de transformação urbana com melhor relação custo & benefício e com grande potencial de crescimento sobre os mega telhados de supermercados, shopping centers, centros de distribuição e logística, aeroportos…

Ao mesmo tempo, já vemos algumas lajes de cobertura mais reforçadas já começam a receber pequenos fragmentos florestais, ajudando a compor o mosaico de áreas verdes que deve compor qualquer cidade jardim. É importante pensar a cidade desta forma: ‘áreas de amortização das patologias urbanas‘ com telhados verdes extensivos prestando serviços ambientais em grande escala, como controle de enxurradas, ilhas de calor, etc.; e ‘áreas regenerativas‘, como pequenos fragmentos florestais distribuídos em lajes mais reforçadas, que podem ter a função de praças e parques para uso da população, mas que também funcionam como corredores florestais ao longo da cidade. Este é o caso do Bosco Verticale, primeira florestas vertical urbana do mundo, que tivemos o privilégio de conhecer de perto em 2015.

A este mosaico, temos que adicionar ainda as novíssimas hortas e fazendas urbanas – que em 2015 veio ensaiando seus primeiros passos profissionais no país e neste ano também promete ocupar as lajes vazias das cidades. De pequenas hortas de subsistência até grandes fazendas industriais, a agricultura urbana vai da laje ao asfalto e invade terrenos baldios com ‘guerrilha gardens’, com bombas de sementes e hortas comunitárias.

Porque agricultura urbana no Brasil?

Em 2016, o simples ato de cultivar um jardim é um ato heróico. Se esse jardim tiver o tamanho de sua casa ou sua empresa então – é super-heróico. Se essa área verde toda ainda produzir uma quantia relevante de comida (orgânica de preferência), aí é revolucionário. Compete diretamente com 2 das indústrias que mais agridem o planeta: a construção civil e o agronegócio. Pode até parecer muito utópico, mas os telhados verdes extensivos também já foram – e hoje se conectaram facilmente ao processo padrão de construção civil, como um material para revestimento (vivo), que consegue alterar o balanço energético de qualquer obra sem modificar drasticamente suas estruturas e fluxos de trabalho. Agora, a agricultura urbana tem a árdua missão de encurtar a cadeia produtiva do agronegócio. E isso precisa ser levado à sério.